Chiara Corbella Petrillo é mais um precoce fruto de santidade da chamada "Geração João Paulo II" que é caracterizada pelo desejo de viver a juventude na alegria e amizade de Deus.
Chiara Corbella nasceu em Roma, na Itália, dia 9 de janeiro de 1984. Era a segunda filha de Roberto e de Maria Anselma. Chiara era alegre, cheia de vida. Ela e a irmã, Elisa, sempre foram muito amigas e companheiras, tanto nos estudos quanto nas brincadeiras e na vida de fé.
Com cerca de cinco anos de idade, Chiara começou a frequentar, com a irmã e com a mãe, uma comunidade carismática. Aí, Chiara e Elisa aprenderam a importância de se dedicarem todos os dias à oração mesmo que brevemente. Na oração pessoal, começaram a experimentar a presença de Jesus e descobriram que era possível falar com Ele como se faz com um amigo.
Chiara sempre foi muito atenta aos outros. Se a mãe lhe servia a comida primeiro, logo passava o prato para a irmã, que era mais velha. Seguiu normalmente os estudos. Com dezoito anos, foi à Bósnia com algumas amigas e aproveitou para passar por Medjugorje, onde se encontrou com Elisa, sua irmã, que estava lá peregrinando. Num restaurante, ela conheceu o jovem Enrico Petrillo que estava em peregrinação com os amigos do grupo de oração.
Quando retornaram pra Roma, os dois começaram a se encontrar, Enrico também morava na cidade. Depois de cinco meses, iniciaram o namoro. Enrico foi o primeiro namorado de Chiara. O namoro foi um período complicado. Os dois tinham receios que os impediam de viver uma sincera entrega ao amor. Chiara tinha medo de ser autêntica, de se deixar conhecer por Enrico, de não ser aceita. Ele, por sua vez, tinha feridas de relacionamentos anteriores que o prejudicavam no que buscava viver com a atual namorada.
As dificuldades chegaram a tal ponto que eles decidiram terminar. Nessa época, Chiara fez um retiro em Assis e passou a ter direção espiritual com Frei Vito. Pouco depois, retomou o namoro. Enrico também fez o retiro e passou a ter direção espiritual com o Frei. Mais uma vez, eles romperam o namoro até que perceberam que em Deus não precisavam ter o receio de mostrar um para o outro quem eles eram e nem deviam ter medo de amar e de se ferir. Finalmente, os dois reataram o namoro de forma definitiva.
Enrico era fisioterapeuta. Chiara tinha começado os estudos universitários em Ciências Políticas. Eles se casaram em Assis, no dia 21 de setembro de 2008, depois de terem se preparado fazendo um retiro espiritual durante alguns dias. A cerimônia foi assistida pelo Frei Vito, diretor espiritual dos dois. Agora sim eles se sentiam preparados para a vitória do amor de Deus em suas vidas.
Um mês após o casamento, descobriram a primeira gravidez de Chiara. Durante a segunda consulta do pré-natal, o diagnóstico: o bebê era uma menina com anencefalia. Caso nascesse, viveria poucos minutos. Os médicos sugeriram o aborto como “tratamento”, pois evitaria o desgaste dos meses de gestação, porque, de qualquer forma, a criança morreria.
Chiara recordou-se do período de gravidez, dizendo: “Não estamos habituados a associar o sofrimento à felicidade. E, de fato, nós éramos verdadeiramente felizes.” Em 10 de junho de 2009, nasceu Maria Grazia, de parto natural. Foi batizada. Com meia hora de vida, voltou para os braços de Deus. Esse tempo foi suficiente para Chiara e Enrico manifestarem amor, alegria e gratidão ao Senhor por tão preciosa vida.
Chiara não teve alta imediatamente, ela foi colocada num quarto com uma mulher que gerou uma filha sadia, mas que nasceu morta. Quando recebeu alta, essa mulher agradeceu aos médicos por ter ficado no quarto de Chiara, pois conseguiu entender a alegria e o dom de ser mãe, ainda que sua filha não tivesse sobrevivido. Depois disso, Chiara e Enrico começaram a testemunhar, em diversas paróquias, a experiência que viveram com a gravidez e com o nascimento de Maria Grazia.
Num dos testemunhos, Chiara disse: “O que quero dizer às mães que perderam seus filhos é isto: nós fomos mães, tivemos esse dom. Não importa por quanto tempo, se um mês, dois meses, poucas horas... O que conta é o fato de que recebemos esse dom. E não é algo que se possa esquecer”. Para Chiara, a gravidez em si mesma era um grande dom. Os filhos não pertenciam aos pais, mas a Deus, o Pai amoroso.
Cinco meses após o parto, uma grande novidade: Chiara estava grávida de novo; agora, de um menino, Davi. Durante as consultas médicas, foi descoberto que a criança não era saudável, tinha má-formação nos membros e em alguns órgãos vitais. Mais uma vez, o jovem casal encara a vida como um dom de Deus com a convicção de que só cabe a Ele decidir sobre ela. Davi nasceu. Era muito amado pelos pais. Foi batizado e logo foi ao encontro da irmã nos braços de Deus.
Chiara escreveu sobre o filho: “Quem é Davi? Um pequenino que recebeu de Deus uma tarefa tão importante, a de abater os grandes Golias que estão dentro de nós: abater nosso poder paterno de decidir sobre ele e no lugar dele (...); Ele abateu o nosso “direito” de desejar um filho que fosse para nós, porque ele era somente para Deus (...) eu agradeço a Deus por ter sido derrotada pelo pequeno Davi, agradeço a Deus porque o Golias que havia dentro de mim agora está finalmente morto, graças a Davi!”
Alguns amigos e familiares não entendiam por que as duas crianças tiveram má-formação. Cedendo à pressão, Chiara e Enrico fizeram alguns exames e neles ficou constatado que não havia nada de anormal ou preocupante com o casal. Entre eles se questionavam: “Por que esperar p ter outro filho? Deus tem sido fiel”. Poucos meses depois, a grande notícia: a terceira gravidez. Dessa vez, os exames mostravam que a criança estava se desenvolvendo perfeitamente. Era um menino e se chamaria Francisco.
Uma semana após a descoberta da gravidez, Chiara percebeu uma lesão na língua. Inicialmente, pensou não ser nada grave, parecia ser uma afta. Com o passar dos dias, foi ao médico. Ela estava com um tumor. Para que o tratamento desse resultado, seriam administrados remédios que poderiam colocar em risco a vida da criança que levava em seu ventre. Os pais se recusaram. Era preciso tratar da mãe da melhor forma possível, mas não era admissível prejudicar a saúde do filho.
Foi feito tudo o que era possível e seguro para a criança. Em 30 de maio de 2011, nasceu Francesco, perfeitamente saudável. Chiara permaneceu internada para dar início a um tratamento mais forte contra o câncer. Francesco se desenvolvia muito bem. No entanto, a doença da mãe tinha avançado: desenvolvido alguns nódulos linfáticos, atingira um dos pulmões, o fígado e o olho direito, motivo pelo qual, em algumas fotografias, ela aparece com um tampão.
Depois de algum tempo de tratamento, os médicos perceberam que estava sendo inútil submeter Chiara a tanto sofrimento. Ela foi diagnosticada como doente em estado terminal. Não queria cair na tentação de fazer-se senhora do tempo que viveria. Pediu ao marido que não lhe contasse quanto tempo de vida os médicos tinham dado a ela. Quis viver cada dia como um dom de Deus.
O casal escolheu viver os últimos meses de Chiara na casa de férias da família dela. A vida espiritual do casal era intensa. Frei Vito recebeu licença da congregação para poder acompanhar de perto seus filhos espirituais, ele passou a morar com eles. Assim, pela administração dos sacramentos e pelas orações, ajudava Chiara a se preparar para o encontro com Deus. Quando amigos e parentes visitavam o casal, experimentavam a paz e a alegria da presença do Senhor cuidando de tudo.
Chiara teve a chance de aproveitar o primeiro ano de Francesco. Presenteou-o com uma linda carta, em que o amor pelo filho e a confiança no amor de Deus ficaram registrados. Chiara tinha consciência de que cada dia que passava era um dia a menos com o filho, mas não viveu esse tempo de forma egoísta. Queria que Francesco não sofresse tanto por causa de sua ausência. Por isso, fazia o possível para ajudar a fortalecer a relação do filho com o pai, já que Enrico seria o porto seguro quando ela não mais estivesse com eles.
Num de seus últimos momentos de vida, Chiara estava diante do sacrário, olhando-o de modo apaixonado. Enrico se aproximou e perguntou para ela se a cruz, de fato, era suave como Jesus havia dito. Chiara sorri. Com a voz bem fraca, responde: “Sim, Enrico, é muito suave. Realmente Jesus não nos enganou. O caminho é exatamente este”. Era o dia 13 de junho de 2012 e ao meio-dia Chiara foi recebida por Jesus, seu grande amor, no paraíso. Segundo o esposo que esteve o tempo todo do lado dela, ela morreu feliz porque sabia para onde estava indo.
A missa de corpo presente foi em Roma, em 16 de junho e parecia uma grande celebração festiva, não fúnebre. A igreja lotada de familiares, de amigos e de intercessores ali celebravam a vida de Chiara e a vitória do amor de Deus sobre todas as coisas.
-Extras:
Para ler a carta que Chiara escreveu para o filho, clique aqui.
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Para assistir à missa durante o funeral de Chiara, clique aqui.
Para ter mais informações sobre a vida e causa de beatificação de Chiara, acesse o site oficial e ou a página a ela dedicada no facebook.