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Amizades - ensinamentos de Dom Bosco e de São Francisco de Sales


Nunca fui a pessoa mais popular e sociável, mas sempre fui alguém rodeada por muita gente (seja pela os ambientes que frequentei, seja pela família que tenho e que mantinha a nossa casa sempre movimentada) e que teve bons amigos.


Não tenho dúvidas do quanto as boas amizades são imprescindíveis para nos mantermos no bom caminho e crescermos sempre mais. Com certeza, muitas das boas escolhas que eu fiz foram por causa do ambiente em que eu estava e das boas amizades que eu tinha na época. Amizades que me impulsionavam para virtudes e não para os vícios, para a maturidade e não para a eterna infantilidade, para Deus e não para mim ou para nós mesmos.


Um grande problema que percebo é a escolha das amizades a partir das próprias projeções e carências e a manutenção delas por apego. Me faço amiga de alguém por aquilo que ela pode me proporcionar, pela carência que eu tenho e pelo quanto acho que ela pode “tapar o buraco” e me mantenho próxima a alguém, mesmo percebendo que não é uma amizade saudável, por apego, por posse, por medo da solidão, por receio do que irão dizer ou dela se tornar amiga de outra(s) pessoa(s), etc. Imaturidade e desequilíbrio.


Amizade pressupõe gratuidade e reciprocidade e será verdadeira e boa na medida em que as duas partes são leais e tem o coração preenchido e direcionado pelos mesmos amores. A mais perfeita, segundo São Francisco de Sales, é aquela onde os amigos “comunicam mutuamente as suas devoções, bons desejos e resoluções por amor ele Deus, tornando-se um só coração e uma só alma.”


Gostaria de deixar aqui para vocês um pouco do que São João Bosco e São Francisco de Sales deixaram de dica para nós sobre o tema:


Como Dom Bosco conta que escolhia os seus amigos:


"Durante as primeiras quatro classes tive de aprender por minha conta

como tratar os colegas. Dividira-os em três categorias: bons, indiferentes, maus. Estes últimos devia evitá-los absolutamente e sempre, assim que os conhecesse. Com os indiferentes havia de entreter-me por delicadeza e por necessidade. Com os bons podia travar amizade, quando fossem verdadeiramente tais. Como não conhecia ninguém na cidade, resolvi não contrair familiaridade com ninguém. Tive entretanto de lutar e muito com os que não conhecia bem.” São João Bosco - Memórias do Oratório de São Francisco de Sales.





São Francisco de Sales falando sobre o tema.


"O mais perigoso de todos os amores é a amizade, porque os outros amores podem afinal existir sem se comunicar; mas a amizade é fundada essencialmente nesta redação entre duas pessoas, sendo quase impossível que as suas boas e as suas más qualidades não passem de uma para a outra.


Nem todo o amor é amizade, pois que podemos amar sem ser amados; neste caso só há amor, mas não há amizade; porque a amizade é um amor mútuo, e se o amor não é mútuo, não pode ser chamado amizade. E ainda não é bastante que o amor seja mútuo, é necessário também que as pessoas que se amam conheçam esta afeição recíproca, de modo que, se a ignorarem, têm amor, mas não têm amizade. Em terceiro lugar requer-se que haja alguma comunicação entre as pessoas que se amam, a qual é ao mesmo tempo o fundamento e o sustentáculo da amizade.

A diversidade das comunicações forma a diversidade das amizades e estas comunicações diversas diferem segundo os bens que se podem comunicar mutuamente. Se estes bens são falsos e vãos, a amizade será também falsa e vã, e se são verdadeiros, a amizade será verdadeira. (...)"


"A perfeição, portanto, não consiste em não ter nenhuma amizade, mas em não ter nenhuma que não seja boa e santa."

"A amizade fundada sobre os prazeres sensuais ou sobre certas perfeições vãs e frívolas é tão grosseira que nem merece o nome de amizade. Chamo prazeres sensuais aqueles que provêm imediatamente e principalmente dos sentidos exteriores, como o prazer natural de ver uma bela pessoa, de ouvir uma voz melodiosa, de apalpar e outros prazeres semelhantes. Chamo perfeições vãs e frívolas certas habilidades ou qualidades, quer naturais, quer adquiridas, que os espíritos fracos têm em conta de grandes perfeições."


"Ó Filotéia, ama a todos os homens com um grande amor de caridade cristã, mas não traves amizade senão com aquelas pessoas cujo convívio te pode ser proveitoso; e quanto mais perfeita forem estas relações, tanto mais perfeita será a tua amizade.

Se a relação é de ciências, a amizade será honesta e louvável e o será muito mais ainda se a relação for de virtudes morais, como prudência, justiça, fortaleza; mas se for a religião, a devoção e o amor de Deus e o desejo da perfeição o objeto duma comunicação mútua e doce entre ti e as pessoas que amas, ah! Então tua amizade é preciosíssima. É excelente, porque vem de Deus; excelente, porque Deus é o laço que a une, excelente, enfim, porque durará eternamente em Deus."


"Ah! Quanto é bom amar já na terra o que se amará no céu e aprender a amar aqui estas coisas como as amaremos eternamente na vida futura. Não falo, pois, aqui simplesmente do amor cristão que devemos a nosso próximo, todo e qualquer que seja, mas aludo a amizade espiritual, pela qual duas, três ou mais pessoas se comunicam mutuamente as suas devoções, bons desejos e resoluções por amor ele Deus, tornando-se um só coração e uma só alma."


"Ah! Me dirás tu, mas não será ingratidão romper tão desapiedadamente com uma amizade? Oh! Que ditosa é a ingratidão que nos torna agradáveis a Deus!"

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