Cada vez mais estou convencida de que falar de abusos em ambiente eclesial não é falar de questões canônicas, psicológicas ou culturais.
Falar de abusos na Igreja é falar do projeto de salvação de Jesus para a vida de cada um, é falar de redenção, é falar de chamado, de vocação, de felicidade, de evangelização... Tudo isso de positivo e desejável é frontalmente atacado pelos abusos que acontecem ao interno da Igreja.
As situações abusivas são frutos da corrupção dos corações criados para amar e servir a Deus e aos irmãos, que passam a usar e servir-se de Deus e dos irmãos.
Quando o Papa Francisco entendeu o que estava acontecendo ao interno da Igreja, especialmente a partir de sua experiência no Chile, em 2018, ele disse que estávamos numa "cultura de abusos" e, em 2023, disse que a experiência chilena foi a sua conversão.
Cada um de nós, a exemplo do Santo Padre, precisa de uma experiência de conversão pessoal quanto à conscientização, combate e prevenção dos abusos. Precisamos falar do assunto com liberdade, precisamos acolher e ouvir as vítimas, precisamos zelar pela salvação dos abusadores...
Deus está nos dando a oportunidade de vivermos um tempo de graça para darmos um testemunho mais autêntico do evangelho que é serviço, comunhão e doação e assim sairmos da cultura de abusos e irmos para uma cultura de relações saudáveis.
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