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A história de salvação e o Tempo da Igreja


Não é porque uma pessoa é católica que, necessariamente, ela tenha sido bem catequizada e tenha clareza sobre aquilo que é a base de sua fé. Muitas vezes, a falta de respostas para questionamentos do cotidiano surge do fato de não haver uma base sólida capaz de os esclarecer. Quem é que nunca foi questionado sobre a necessidade de estar sob a autoridade da Igreja, de buscar os sacramentos em oposição à possibilidade de "rezar em casa porque Deus está em todo lugar", e tantas outras coisas do tipo?


A pior resposta que se pode dar é "porque sim", "porque sempre foi assim", "porque dizem que é melhor", entre outras que nada esclarecem ou aprofundam. A intenção deste texto é começar a ajudar a solidificar melhor as bases católicas da fé de cada um. A Igreja não é um acaso na história de salvação, uma instituição humana ou algo que possa ser prescindido. Ela é parte do projeto salvífico de Deus para a humanidade e está em continuidade com tudo o que Deus realizou em toda a história de salvação. Por isso é importante olhar para o todo da ação de Deus na história para aí reconhecer o lugar que Deus quis colocar a Igreja.



No princípio, só existia Deus e ele criou todas as coisas ordenadas segundo uma finalidade: que na criação alguns de seus traços fossem manifestados e que, o ser humano, cume de toda criação, pudesse desfrutar de toda a obra criada em seu favor, para que nessa vida já pudesse viver em íntima comunhão com Deus.


Com a revolta dos anjos e o pecado dos homens, o projeto inicial para a criação recebeu uma grave consequência: o rompimento da comunhão com Deus.


A partir daí, Deus, que quer que todos se salvem, começou então a trabalhar atuando na história para voltar a ter a humanidade na sua amizade.


Então, primeiro passo que Deus deu na direção do homem para buscar essa reconciliação foi falar com ele diretamente como a um amigo e se revelando como sendo um só naquela sociedade que era politeísta. É aí que começa a história do povo de Israel, da descendência de Abraão. Deus que se apresenta, que faz uma promessa, que convida a uma missão.


Esse tempo do Povo de Israel é um tempo profético, de uma revelação inicial de Deus, tempo dele lançar as bases para aquilo que estava por vir e que seria o ápice da Revelação e intervenção de Deus na história que seria Jesus Cristo.


Depois de já ter feito uma grande preparação do povo, Deus achou que era a hora da Revelação plena, de se revelar como Trindade e de revelar a sua misericórdia através da pessoa de Jesus.


Foi então que, depois de séculos de promessas, a Palavra se fez carne para habitar em meio ao povo. Jesus se Encarnou. Toda a vida de Jesus foi o cumprimento das promessas antigas de que Deus enviaria um Salvador para instaurar seu Reino de amor.


Depois desse tempo de Jesus pregando e agindo, não tem mais nada a ser revelado. Jesus é a plenitude da Revelação.


A surpresa, no entanto, foi que o modo de Deus cumprir as promessas dele em Jesus não foi num único momento histórico. Com a Paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus, a parte das promessa de redenção foi cumprida, se tornou possível a reconciliação dos homens com Deus, mas a instauração do Reino de modo definitivo não aconteceu.


A gente vive nesse terceiro momento, quando não há mais nada da Revelação a ser feita, quando já é possível receber os frutos da Redenção, mas quando o Reino ainda não se estabeleceu. Este é o chamado "Tempo da Igreja", Igreja que é o Corpo Místico onde Cristo é a Cabeça. Dele ela recebeu o mandato de ser canal de Salvação para os homens, de fazer chegar até cada um os frutos da redenção que ele disponibilizou para todos.


O tempo da Igreja é quando o Espírito Santo age na história fazendo com que os homens entendam melhor a Revelação que culminou em Jesus. A cada dia, através dos sacramentos e celebrações litúrgicas, toda a obra de Salvação realizada por Deus em favor dos homens é atualizada e disponibilizada pela Igreja.


Mais pra frente veremos o que são os sacramentos e a liturgia, mas por hora é importante perceber o quanto na linha histórica da ação de Deus em favor da salvação dos homens há um tempo em que ele fala e age através da Igreja.


A Igreja não tem autoridade para inventar nada, ela só pode e deve guardar e ensinar aquilo que foi Revelado por Deus e que foi finalizado, enquanto conteúdo, com a vida e ensinamentos de Cristo.


Ter noção dessa dinâmica da ação de Deus na história é importante para entender o papel da Igreja e a importância dos sacramentos na vida daqueles que querem, hoje, viver reconciliados e na amizade de Deus.


-Extras:

Para conteúdo em áudio , ouça o Podcast (Spotify, Deezer, Apple e Google).

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